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17 de fevereiro de 2010


ARREBATADORA


Água que desliza
Rompendo barreiras
Nada sorrateira
Arebatadora paixão
Que domina sentidos e vida
Sem dominador e dominado
Seres envolvidos em paixão
Apenas...que se amam
E se dão inteiros na relação


(Vera Helena)
Vitória/ES -Em 13/02/10 -

RENDA-ME

Entra-me
Adentra-me
Descubra-me
Me vire pelo avesso
Renda-me
Prenda-me
Conquista-me
Apaixone-me
Ama-me
Entregue-me o seu melhor
Doa-me sem limite
Sem regras
Sem trégua
Coração tresloucado
Na loucura sufragado
Náufrago da paixão
Que toma e dispõe
Quem se habilita viver
Na noite te busco
Noite sem lua...
(Vera Helena)
Vitória/ES -Em 13/02/10 -

Sangrilégio (1970)

(Raul Seixas)


Eu acordo de madrugada
Eu acordo com quase nada
Areei meus dentes
Penteei os cabelos
Enxaguei meu rosto inchado
Me armei da 007
Me meti no paletó
Quase me enforquei no nó
Da minha gravata
Um beijo na minha mulher
E dezessete beijos e meio
Um em cada filho meu
Meninada que eu tenho estima e afeição
Eu sou bancário
Meu banco é de sangue
Eu sou bancário
Os olhos de Drácula
Pousam sobre mim
Firme , na escuta do PBX.



EU NÃO...

Eu não frevo
Eu fervo
De paixão
De tesão
Comichão
Caio ao chão
Eu nego
Esta paixão
Renego coração
Não nego algo então
Pego com a mão
Forço e torço
Retorço e peço
Reforço
Estou até o pescoço
Que faço então
Com esta questão
Que é só interrogação?
Dançar o carnaval?
Beijar na boca
Fazer algo de anormal
Algum tipo de loucura
Sem censura
Nem lisuras
Fazer figura
Na noite escura
Magia pura
Não sei não
Então fervo
Danço o frevo
E frevando assim
Esqueço de ti
De mim...
Esqueço.
(Vera Helena)

Vitória/ES –Em 12/02/10 -

FAZ DE MIM

Sou cachoeira que transborda
Enquanto sua mão borda em mim
Prazeres alucinantes
Faz eternidade meu instante
Faz meu corpo viajante
Sua nave a navegar
Faz de mim estrela cintilante


Com suas mãos a me tocar
Quando se faz amante
Me leva a terras distantes
Num desejo inconstante
Pra não querer mais voltar

(Vera Helena)

Vitória/ES –Em 13/02/10 -

DEVER DE SONHAR


Eu tenho uma espécie de dever,
dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.


(Fernando Pessoa)

NO ESPELHO
(Raul Seixas)

Às vezes quando me olho no espelho
Sinto medo.
Medo de mim.
Eu não me conheço
Sou esquisito, sou humano
Uso óculos, como, bebo, fumo
Defeco
Mijo
Olho-me no espelho
E esse dá-me de volta quem sou.
Eu rio. Alto.
Assustado e engraçado
Duas longas coisas saindo do corpo:
São braços, pêlos, peles, nariz pontiagudo
Duas orelhas presas na cabeça
Olho os dedos.
Meus olhos me assustam
Falo, sinto emoções e tomo cerveja
Ridícula coisa ali em pé frente ao espelho
Eu me vejo de fora.
Faço abstração mental de que eu nunca vi
Um ser humano e me vejo.
É esquisito.
É realmente esquisito.
Procuro-me no espelho
E não me acho.
Só vejo aquilo ali.
Parado.
Um monte de carnes equilibradas
por ossos duros que me mantêm em pé.
Ali.
No espelho.
Eu sei que não sou aquilo
E o que eu sou, o espelho não pode
me mostrar...
AINDA... eu não brilho...
Ainda...

8 de fevereiro de 2010














CORPO POESIA